quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ao gosto do freguês

Postado em 28/08/2013 às 0:01 por Adriana Avelar em Coluna Recente, Direto da Cozinha 

O boom da gastronomia entre os brasileiros fez surgir um novo tipo de público: o chef leigo. Com a grande oferta de escolas de cozinha para entusiastas, hoje um grande número médicos, advogados, engenheiros, analistas financeiros e diversos outros profissionais buscam a cozinha para se aperfeiçoar, aprender novas técnicas ou simplesmente relaxar.O professor/Chef introduz a aula se apresentando e pedindo aos alunos que se apresentem e que cada um conte o seu motivo de estar ali. E é assim que já começa a descontração e risadas, os mais desinibidos já fazem piadinhas com os colegas e deles mesmos.


Eu mesma comecei minha história na gastronomia com estes cursos para entusiastas. Bastava surgir uma promoção nos sites de ofertas que eu já logo estava matriculada, participava de todos os cursos que podia.A energia que rola entre os entusiastas e professores durante uma aula como essa é inexplicável. De um lado curiosos querendo absorver os “segredos” que o Chef tem a contar, de outro um Chef desinibido abrindo seu coração para disseminar seu conhecimento na arte da culinária. Só pela essência já é uma troca de palavras e olhares admirados.De tão apaixonada por essa troca de energia eu achei de fazer um curso desses em Nova York no Culinary Institute of America CIA. Eu queria desenvolver meus dotes com a faca, então escolhi um curso chamado “Knife Skills”.Achei que fosse sair de lá com dor no braço de tanto cortar legumes. Me enganei, daqueles alunos ali eu era a única que desejava realmente seguir carreira como chef, os demais todos eram entusiastas que queriam saber algo sobre técnicas de corte, uma pincelada, acharam que era uma boa maneira de começar, mas o que queriam mesmo eram produzir receitas gostosas. E o curso seguiu nessa linha, fizemos lombo assado, frango assado e cenouras carameladas.


Confesso que fiquei um pouco decepcionada com o curso, talvez pelo modelo americano de ser, o Chef professor não era descontraído, carismático e feliz como os brasileiros. Ele até foi “divertidinho” em alguns momentos, mas nada perto das aulas teatrais que tive oportunidade de assistir no Brasil.
E foi assim que eu entendi realmente esse novo negócio gastronômico: o cliente compra um “momento de diversão” enquanto o Chef vende uma aula rica porém sem a exigência e o rigor de uma aula tradicional, dessa vez o aluno dita o que quer aprender, ao final a aula sai ao modelo do freguês!
Na minha passagem por Sydney trabalhei aos finais de semana em uma escola de cozinha Sydney Seafood School, localizada dentro do Mercado de Peixes (Fish Market) tive a honra de vivenciar uma das mais lindas trocas dentro de uma cozinha. Um empresário australiano convidou sua equipe de trabalho para uma aula de cozinha, a comemoração do final do ano fiscal.


Gargalhadas eram ouvidas o tempo todo, brincadeiras soltas e terminou com um jantar que eles mesmos prepararam e um bom vinho para degustação oferecido pela escola. A atitude do empresário ao convidar sua equipe realmente me comoveu, ver ali na cozinha um grupo de pessoas se comportando como “crianças”, relaxadas, sendo elas mesmas, sem maldades, simplesmente puras. Cozinha é um trabalho de transparência,  uma super idéia para interação.


Para os Chefs uma oportunidade única de aprendizado pois como bem disse a querida Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Para os alunos/comensais, uma oportunidade de conhecer, aprender e se divertir com um momento gastronômico incrível.
Fiquei muito feliz ao conhecer escolas de entusiastas bem legais em São Paulo e Rio de Janeiro na minha volta ao Brasil. E que todos cozinhem mais e mais… esse é meu desejo para o mundo… felicidade em produzir arte em sabor através das mãos.


Hoje uma receitinha de uma batata maravilhosa feita no forno que eu aprendi em um curso rápido de cozinha básica que fiz em Higienópolis em 2011 com a Chef Beatriz Buéssio.


Batatas ao forno com alecrim
Rendimento: 2 porções

Ingredientes:
5 batatas lavadas cortadas em cubos médios
½ xícara de azeite
2 colheres de sopa de manteiga
½ colher de sopa de sal
pimenta do reino
algumas folhinhas de alecrim
Modo de preparo:
Cozinhar as batatas cortadas em cubos (ao cortar pode deixar a casca da batata, sem problemas) até o ponto em que as quinas dos cubos começam a desmanchar. Desligue e retire as batatas da água quente, adicione gelo para parar o cozimento. Escorra bem e misture as ervas, sal, azeite e manteiga. Leve para o forno médio por 1 hora e 30 minutos, virando sempre as batatas.
Retire quando estiverem douradas. Se estiver muito devagar, aumente o forno ao final para dourar.
Quando estiverem no ponto da foto, retire do forno, misture com mais alecrim desfolhado, prove e ajuste o sal, leve novamente ao forno por mais dez minutos.
Esta batata é um excelente acompanhamento, super versátil, vai bem com carne, peixe e frango, experimente!




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Gastronomia em alta no Rio de Janeiro

Postado em 20/08/2013 às 8:34 por Adriana Avelar em Direto da Cozinha 


Na sexta-feira dia 17 de agosto começou o 2o  Rio Gastronomia, uma grande exposição sobre a arte da culinária. O evento tem duração de dez dias em diversos locais da cidade em que rolam aulas de grandes chefs, cardápios especiais nos melhores restaurantes e degustações de diversos quitutes. Muita música, cinema, literatura, um kit completo de arte se espalha por toda a cidade.
A programação está incrível:
Cozinha show: uma cozinha montada sobre um caminhão especial, é palco de aulas públicas com chefs tarimbados:
Dia 20/8:  Jan Santos (Entretapas): Saens Peña, das 18h30m às 19h30m
Dia 21/8:  Joachim Koeper (Enotria): Dona Marta, das 18h30m às 19h30m
Dia 22/8:  David Zisman (Nam Thai): Niterói, das 12h30m às 13h30m e Checho Gonzalez (X-Cook): Cinelândia, das 18h30m às 19h30m
Dia 23/8:  Roberta Sudbrack (Roberta Sudbrack): Largo da Carioca, das 11h30m às 12h30m
Dia 24/8: Fabio Batistela (Meza Bar): Parque Madureira das 12h30m às 13h30m
Dia 25/8: Genaro (Alessandro e Frederico): Quinta da Boa Vista, das 10h às 11h.
Dia 26/8: Isis Rangel (Siri Mole): Praça do Ó, na Barra, das 11h às 12h
Dia 27/8: Alex Atala (D.O.M.): Nova Brasília, no Complexo do Alemão, das 13h às 14h
Cinema com gosto na Casa de Cultura Laura Alvim
De 20 a 23 de agosto filmes ligados à gastronomia, com direito a degustação no final. Serão distribuídos 136 ingressos simples.
20/08 – 18 Comidas
21/08 – Oma & Bella
22/08 – A cozinha de Stella
23/08 – Panelas e Sonhos
Confira toda a programação no site do evento no site: http://rioshow.oglobo.globo.com/gastronomia/eventos/rio-gastronomia-5059.aspx
Assim sendo com a popularidade da alta gastronomia no Rio quero publicar uma receita simples mas um pouco mais refinada, carrega uma técnica especial e o refinamento da cozinha francesa ao fazer uso do puro “cream”, para nós creme de leite fresco.
Mousse aerada de limão
300mL de creme de leite fresco*
1 lata de leite condensado
250mL de suco de limão
1/2 envelope de gelatina sem sabor, hidratada em 50mL de água morna
raspas de limão para decorar
O segredo desta receita está no modo de preparo:
Bata o creme de leite em ponto de chantilly. Reserve. Misture os demais ingredientes. Então pegue 1/3 dessa massa de limão e misture ao creme em ponto de chantilly. Então novamente adicione mais metade da massa de limão ao creme e mexa incorporando o creme pelas laterais, nunca forçando o chantilly contra a massa no centro do bowl. Mexa e misture o restante da massa, sem bater, conservando sua aerosidade.
Leve a uma travessa para servir a mousse. Refrigere por no mínimo 2 horas. Salpique raspas do limão para decorar e sirva.
*Creme de leite fresco é aquele “de garrafinha” que fica na parte refrigerada das gondolas de supermercado, próximo a manteiga. Uma ótima dica é de um creme de leite fresco recém lançado no mercado, uma caixinha de 500gramas denominada creme para chantilly produto bom, preço legal.
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Vinagrete x Vinaigrette

Postado em agosto 14, 2013 por Adriana Avelar em Direto da Cozinha

Se você pergunta aos brasileiros o que é um vinagrete terá uma resposta bem parecida de todos: tomate, cebola, vinagre, azeite e sal. Não é preciso ser Chef de cozinha para ter essa receita na ponta da língua. Mas essa resposta só está na ponta da língua dos brasileiros, lá fora vinagrete tem outro significado: o Vinaigrette é um molho de origem francesa usado para saladas ou carnes frias.
O tal Vinaigrette  no Brasil é tão pouco conhecido que o Chef Olivier Anquier, em seu restaurante Entrecote, usa uma receitinha misteriosa de “molho de salada” receita de sua avó, um segredo de família e os brasileiros caem de amores por aquele molho que por aqui é grande coisa mas na França seria só mais um Vinaigrette!
Não estou dizendo que o Chef não tem seus louros na receita, pelo contrário, muito sábio ele, primeiro porque atribui um sabor inigualável a uma simples salada, tornando-a unicamente saborosa, bem como se faz na Europa e depois porque dessa forma ele traz a tona um elemento que nós brasileiros adoramos: receita de vó!
Vinaigrette  na França faz parte do dia-a-dia das cozinhas caseiras e profissionais, assim são muitas as receitas, as mais diversificadas. Este molho consiste basicamente em uma emulsão com 3 partes de óleo (azeite ou algum outro óleo) para 1 parte de ácido, temperando com sal e pimenta do reino. A parte ácida pode ter diversos sabores como limão, laranja, tangerina, mostarda, assim como na parte oleosa também é possível mesclar novos sabores com óleo de gergelim, óleo de amendoim, azeites aromatizados… Por isso não existe uma única receita de Vinaigrette, e sim várias…
E então eu me pego pensando no vinagrete brasileiro, tão simples, básico e tão fácil de ser combinado. Acho até que nós brasileiros não atribuímos o devido valor ao nosso vinagrete, combinamos ele a qualquer prato seja ele carne, frango ou peixe, sempre cabe um vinagrete mas ele muitas vezes é deixado ali “de canto” e não percebemos o grande valor desse molho maravilhoso.
Acredito que as origens do nosso vinagrete estão relacionadas ao Pico de Gallo português e a Salsa mexicana, mas em nenhum destes países o vinagrete tem o mesmo papel e a diversidade que tem na mesa brasileira.

Pico de Gallo

Salsa Mexicana
E foi justamente pensando nessa mistura franco brasileira e folheando o livro recém publicado em português da Julia Child que eu tive a idéia de usar a base de tomate, cebola e cheiro verde do nosso vinagrete e temperar com o cremoso vinagrete francês. O tomate soltou água suficiente para liquefazer a cremosidade do francês e deu o toque brasileiro que faltava!
Vinagrete franco brasileiro
Ingredientes:
2 tomates cortados em cubos médios
½ cebola cortada em cubos pequenos
¼ ramo salsinha picada
¼ ramo cebolinha
1/3  xícara de azeite
½ colher de sopa de mostarda Dijon
1 colher de sopa de suco de limão
¼ colher de sopa de sal
Pimenta do reino a gosto

Modo de fazer:
Bata no liquidificador o azeite, mostarda, suco de limão, sal e pimenta por cerca de 2 minutos até obter um creme espesso (vinagrete francês)
Corte os tomates, cebola, salsinha e cebolinha e misture-os em um bowl. Cubra com o vinagrete francês, deixe marinar por 15 minutos para temperar os vegetais e sirva!
Sirva com churrasco, peixinho grelhado, franguinho grelhado, feijoada, galinhada, sanduíche, pastel de feira ou qualquer outro prato que lhe venha a cabeça e… Bon Apetit, como diria nossa querida Julia Child!
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Carne Serenada em casa

Postado em agosto 7, 2013 por Adriana Avelar em Direto da Cozinha

Hoje vou compartilhar um dos posts de maior sucesso do meu blog: Carne Serenada.
A receita final de hoje será um belo escondidinho com essa carne que poderá ser serenada em casa, ainda que você more em um apartamento, é possível ter a mesma qualidade.
Eu poderia recomendar aqui que você comprasse uma carne seca no supermercado, mas… ali tem tantos conservantes prejudiciais, sem falar nas gorduras que te dariam mais trabalho extraí-las do que produzir você mesma a carne somente com ajuda do sereno e do sal.
Eu descobri essa carne porque tinha para vender em um açougue em Ituiutaba, cidade onde minha mãe mora. Sempre que eu ia visitá-la preparávamos escondidinho com aquela carne e um purê de mandioca maravilhoso. Até que em uma das vezes que fui visitá-la, fomos ao açougue e tinham deixado de fazer porque o açougueiro que a preparava tinha pedido para sair e eles não sabiam fazer.
Me lembro que fiquei extremamente aborrecida, e comecei a pesquisar na internet como se fazia aquela carne, não encontrava dica nenhuma… mas conversa daqui e dali na cidade pequena, minha mãe acabou descobrindo o telefone do ex-açougueiro, ligou para ele, explicou-lhe que eu morava longe e queria reproduzir a receita, ele contou direitinho como fazer.
Assim eu fiz: fui a um açougue qualquer, pedi uma peça de contra-filé e pedi ao açougueiro que cortasse pra mim, eu estava insegura de cortar na época. O vi cortando e aprendi, pronto, já podia eu mesma cortar. Essa é uma dica, pra quem não se sente seguro em fazer o corte, basta pedir a um açougueiro que faça um corte em “manta”, fazendo um caracol na carne.
Reservei a carne na geladeira e por volta das 18 horas abri o caracol em uma assadeira retangular, cubri com sal grosso e pimentas verdes (não tem muita medida, uso bastante sal e pouca pimenta porque não é muito do meu gosto) e deixei na área de serviço ( pode ser varanda, o importante é que seja em um local muito bem ventilado).
Às 8 horas da manhã do dia seguinte, escorri a água da carne, retirei o excesso de sal que ainda estava sob a carne e então eu vi ali a linda carne serenada! Ela tem tom mais escuro, perdeu bastante líquido e estava igualzinha a do açougue!
Pronto: a carne está serenada. Devido a ação conservante do sal, essa carne pode ser armazenada por até 10 dias na geladeira.
Como qualquer outra carne que passou pelo processo de cura através do sal, antes de usá-la, deixe-a de molho em água para tirar o excesso de sal.
Então vamos à receita do escondidinho:
Ingredientes:
500g de carne serenada previamente dessalgada
500g de mandioca cozida
1 cebola cortada em cubinhos
2 colheres de sopa de manteiga
1 xicara de leite*
1 fio de azeite
200g de parmesão ralado para salpicar
Sal a gosto
* há quem substitua o leite por creme de leite ou ainda por leite de coco. Eu gosto dos 3, cada um com sua cremosidade… O leite de coco puxa o sabor um pouquinho mais para adocicado e é bastante gorduroso.
Modo de preparo:
Cozinhe a carne serenada por 40 minutos na panela de pressão. Retire a carne da panela e ainda quente desfie a carne com um garfo. Reserve a carne e o caldo do cozimento.
Prepare o purê espremendo as mandiocas e refogando somente com uma colher de sopa de manteiga, adicione o leite mexendo sempre. Ao final adicione mais uma colher de sopa de manteiga, prove e ajuste o tempero.
Agora está quase tudo pronto. Mas a carne está muito seca, então pegue a cebola em cubinhos com um fio de azeite em uma panela, refogue a carne, adicione um pouquinho do caldo de cozimento (½  xícara) e mexa, a carne irá se umedecer. Prove o tempero, geralmente não precisa de sal.
Se quiser pode adicionar um tomate picado para ajudar a umedecer, mas eu geralmente não uso.
Para assar o escondidinho você pode usar um refratário grande ou vários pequenos. Os pequenininhos são sempre mais charmosos, mas se você não tiver recipientes que possam ir ao forno, leve em um grande  mesmo que fica lindão também.
Então forre um refratário que possa ir ao forno com esta carne refogada. Cubra com o purê de mandioca, salpique queijo parmesão ralado e leve ao forno médio por 30-40 minutos, até que esteja dourado.
Sirva ainda borbulhando. E bom escondidinho!
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Geléia de Pimenta

Postado em julho 31, 2013 por Adriana Avelar em Direto da Cozinha

Eu sou apaixonada por esta receita e por isso hoje o post leva seu título direto, todo o texto gira em torno dela.
Esta geleinha é um coringa pra mim, eu já a servi em diversas situações, uma simples mudança nas quantidades da receita pode mudar totalmente a finalidade. Então quero começar contando porque essa mistura de ingredientes forma a tão linda e formosa geléia de pimenta.
Geléia é: pectina + ácido + açúcar! O corpo e consistência da geléia são formados a partir da pectina, que tem a função de espessante na cozinha.
Se pensarmos em uma pimenta, seu interior é composto basicamente por semente, contendo pouca “carne”, assim sendo para se produzir uma geléia de pimenta, seriam necessárias muitas pimentas e isso deixaria o sabor dela bastante acentuado na receita e muitos comensais se incomodariam tanto a ponto de se negarem até a experimentá-la. Por este motivo principal, gosto de usar a pimenta biquinho, que é uma pimenta famosa por não “arder”, ela tem muito mais sabor do que “ardor” – dizem os mineiros.

Pé de pimenta biquinho
Além disso, a criação dessa geleia somente com pimenta, sem adição de algum outro ingrediente de “corpo” não seria possível, pois a pimenta não contém pectina.
Assim sendo elegi a maçã, uma fruta neutra, sem sabor acentuado que não iria mascarar o sabor da pimenta e que contém bastante pectina, o que daria corpo e consistência ao mesmo tempo à minha linda geleia.
“Banana tem pectina, poderia usar?” Claro sim! Se fica bom, daí são outros 500 (risos)… Nunca fiz pra falar a verdade, mas acho que ficará uma geleia de banana com toque de pimenta… e ela perderia também grande parte do charme porque a banana escurece no cozimento e o tom avermelhado da pimenta se perderia… geleia de banana já não é algo comum, juntá-la com a pimenta eu acho que não vai rolar porque a banana é um  pouco egoísta, ela domina o sabor dos demais e a pimenta também é, então acho que juntar esses dois egos vai dar briga! Melhor pegar essas bananas e fazer umas deliciosas omeletes recheadas de bananas maduras e queijo meia cura!
Às vezes quando falta maçã eu uso abacaxi, mas após batido no liquidificador, ele solta muita água, fica bastante liquido, além de conter pouca pectina, e caso não se coloque pectina adicional, a consistência da geleia não será tão gelatinosa. Se quiser mais gelatinosa é só acrescentar uma maçã para cada abacaxi (o restante da receita é igual).
A geleia pode ser usada para comer com carnes (carne de cordeiro fica maravilhosa) e daí então o uso do abacaxi é mais aconselhado. Para momentos leves como café da manhã, o uso das maçãs é preferido!
Devemos ter cautela com a quantidade de açúcar, ele pode mascarar alguns sabores. A quantidade de doce deve  ser a menor possível para que a pimenta fique bem evidente, mas também nem tanta, se faltar açúcar, a geleia não atingirá o ponto de cozimento nem a linda cor vermelha. Se tiver açúcar demais, a acidez da pimenta ficará mascarada, a geleia poderá cristalizar e ainda a cor tenderá para um tom mais caramelizado.
Use o refinado ou cristal, se quiser utilizar o açúcar mascavo, fazê-lo na proporção de 25% para cada 75% de açúcar comum. Usar a mesma proporção para mel. O açúcar atua como preservante, sabor, doçura e ajuda na formação da gelatina.
Com bastante experiência elaborando essa receita, eu consigo distinguir o uso final do produto pela sua cor! Mais claras (cor puxada para laranja) são mais ácidas e, portanto, podem ser usadas com carnes brancas ou vermelhas até como base para molhos agridoces. As mais escuras (cor puxada para um vinho) são extremamente adocicadas e pouco ardidas, a melhor indicação de uso para elas é café da manhã! E daí então tem a mais linda vermelho vivo, essa é super livre e versátil! Ela cabe em todas as refeições: café, almoço e jantar!
Agora que já deixei os leitores com água na boca só de pensar nas variações que a receita pode ter, segue a receita tradicional…
Ingredientes:
300g pimenta biquinho fresca ou em conserva
4 maçãs inteiras médias com casca e semente*
1 xícara de chá de açúcar
1 pitada de sal
1 pimenta dedo de moça fresca
* A quantidade de maçãs fica a escolha do cozinheiro! Se quiser amenizar o sabor da pimenta, coloque mais maçãs. Aquela “carninha” da maçã ao redor da semente e perto da casca são super ricas em pectina, por isso é importante mantê-las!
Modo de fazer:
Se a pimenta biquinho estiver em conserva: escorra o líquido da conserva e lave-a em água corrente, retirando os pedacinhos de alho e cebola que geralmente tem na conserva.
Se for pimenta fresca: somente lave em água corrente e garanta ter tirado todos os cabinhos da pimenta, eles deixam sabor residual amargo.
Então bata tudo no liquidificador, as pimentas, as maçãs, sal  e o açúcar, passar por uma peneira e levar ao fogo para reduzir. O ponto da geleia é igual de brigadeiro: estará pronta quando começar a desgrudar do fundo da panela.
                                 geleia de pimenta com queijo meia-cura
Dicas para usar a geléia:
Café da manhã/ chá da tarde:
- Torrada no café da manhã com requeijão (ou cream cheese) e geleia de pimenta
- Bolo de queijo com geléia de pimenta
- Cupcake de chocolate recheado com geleia de pimenta
Almoço/ jantar:
- Carré de cordeiro assado na churrasqueira com geleia de pimenta
- Bruschetta de queijo brie com geleia de pimenta
-  Finger foods com queijo meia cura e geleia de pimenta
- Queijo brie derretido no forno coberto com geleia de pimenta
Sobremesa:
- Cupcake de chocolate recheado com geléia de pimenta (de novo… pode ser café da manhã ou sobremesa!)
- Mousse de chocolate com geleia de pimenta*
* Esta receita deve ter uma quantidade maior de pimenta dedo de moça, cerca de 4 ou 5. 
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Tendência Vegetariana

Postado em julho 24, 2013 por Adriana Avelar em Direto da Cozinha

Na minha passagem por Sydney tive o grande prazer de fazer parte da equipe do restaurante do Parlamento de New South Wales, estado onde fica a cidade de Sydney e ali uma vez por mês acontecia a reunião de todos os membros do governo com duração de uma semana. Os participantes ficavam hospedados no centro da cidade, no Domain Park, um parque verde, lindo, ao lado de um hospital antigo. Local calmo, silencioso, agradável e contava com serviços de uma gastronomia clássica.
Eu trabalhei diretamente com o Chef que cuidava da sessão de saladas e sobremesas. Ele se chama Michael, australiano, 45 anos. Ele é aquele tipo de Chef que sempre está certo, “não questione, faça” ele dizia aos questionadores.
E ele tinha esse jeito meio marrento de ser, chatinho às vezes, mas me ensinou muito.
Os membros do governo australiano tinham de se planejar, agendar com antecedência de 1 semana eventos para seus convidados e reuniões. Os pratos eram escolhidos entre as opções oferecidas, mas sempre se esqueciam dos vegetarianos. E então o Head Chef com sua experiência de 15 anos naquela cozinha solicitava a cada chef de sessão que elaborasse um prato vegetariano para cada evento e deixasse pré-preparados ao menos dez pratos para servir caso tivessem vegetarianos no grupo.
O Chef Michael odiava vegetarianos e repetia isso a todos em sua volta. A criação daquele prato especial aos comensais que tinham restrição de carne era uma tarefa muito árdua para ele.
A falta de cuidado na criação deste prato era tanta que certo dia ele colocou Caldo de frango no Ratatoille (picadinho de berinjela)! Os vegetarianos não comem nada que esteve em contato com alguma carne, incluir caldo de frango é desrespeitar o comensal.
Vegetarianismo é uma tendência mundial. Há estudos de que 9% da população brasileira seja vegetariana (pesquisa Ibope).
Eu admiro profundamente os vegetarianos, em defesa de um conceito, eles abrem mão de se deliciar com carnes. Não deve ser fácil retirar da dieta um ingrediente de presença tão forte. Eu particularmente salivo ao ver uma carninha vermelha saindo da churrasqueira, acho que eu também não resistiria à saudade do frango mineiro, do escondidinho de carne seca, do bacon na farofa…
Justamente por admirar a audácia e determinação dos vegetarianos, acho que o Chef Michael pecava pelo desrespeito. Assim sendo uma sugestão para ele: que tal um quibe de berinjela?
Este quibe me fez “famosa” na família de minha amiga em Uberlândia quando morei lá por um tempo. Rolou um churrasco, cada um deveria levar um prato e eu levei o quibe de berinjela. O sucesso foi tanto que tive de contar a receita na hora. Era difícil acreditar que naquela massa de quibe não tinha carne, já que tinha sabor e cor de quibe assado e a berinjela não se sobressaía!
É muito fácil, muito prático e delicioso!

Quibe de berinjela
Ingredientes:
3 xícaras de trigo para quibe
3 berinjelas médias
1 cebola
2 dentes de alho
1/4 maço de hortelã
1 colher de chá de sal
1 colher de sopa de manteiga
200g de mussarela fatiada
2 tomates maduros em rodelas
1 limão espremido

Modo de fazer:
Lave muito bem o trigo, coloque de molho em 500 ml de água morna e deixe descansar por 1 hora. Após esse tempo, escorra o trigo em uma peneira e aperte bem com as mãos para tirar o excesso de água.
Descasque e pique as berinjelas em pedaços médios. Leve ao fogo em água fervente. Cozinhe até ficar macia, escorra e aperte bem para tirar o excesso de água.
Bata a berinjela, a cebola, o alho, o limão e o hortelã no liquidificador até virar uma pasta.
Junte essa pasta de berinjela ao trigo e tempere com sal, adicione uma colher de manteiga e misture bem.
Unte uma assadeira com manteiga e coloque a metade do quibe. Recheie com o queijo e tomate.
Cubra com a porção restante do quibe, cubra com gotas de azeite e leve ao forno pré-aquecido (230 graus) por cerca de uma hora, até dourar.

Esse prato da foto foi o que levei no churrasco na casa da Érika minha amiga… não sei bem porque, acho que talvez eu não tenha escorrido devidamente a berinjela, ele deveria ser um quibe quadrado, mas quando tirei da forma, ele quebrou então eu improvisei e fiz um peixinho… coloquei rabos e barbatanas de rúcula, a azeitona fez os olhinhos… ficou até bonitinho comparado com um quibe todo quebrado rss… Então já sabe a dica da receita né? Escorrer muito bem a berinjela e o quibe ou… fazer uma forma maluca apresentável com o que sobrou inteiro!

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Uma linda história de amor

Postado em julho 19, 2013 por Adriana Avelar em Direto da Cozinha

Já falei aqui da minha grande admiração por minha avó. E junto com ela vem uma grande admiração também pelo berço em que ela nasceu e me proporcionou crescer. Meu bisavô João Quirino de Moraes teve 15 filhos, dentre eles minha querida avó nascida em 1915. Eu cresci junto a todos os irmãos da vovó e primos, sempre tive o grande prazer de ter primos e tios muito presentes em minha vida.
Certa vez procurei a tia Audília, uma das irmãs mais novas da vovó para ouvir histórias que ela tinha para me contar. Foi então que eu soube que quando os 15 irmãos ainda pequenos moravam em uma fazenda, na casa do vovô Quirino, cada um tinha sua função e “a Maria não cuidava da comida, ela era mesmo boa de costura, cada filho trabalhava no que tinha maior aptidão” a irmãzinha dela me contou. Realmente minha avó era também uma exímia costureira.
Para nós filhos e netos da vovó Maria ela foi a melhor cozinheira que já existiu. Cozinhava uma galinhada pra ninguém botar defeito, paneladas e panelinhas de comida espalhadas em uma mesa de 2 metros de comprimento cheias de amor. Ela começava a servir e brotavam panelinhas de dentro da cozinha, uma especial pra cada convidado. Eu gostava da abobrinha ralada com ovo mexido, o meu pai gostava dela em rodelas grossas, pois ela fazia para os dois gostos. E assim durante o almoço descobríamos que cada um de nós tinha passado pela cabecinha dela durante a manhã para preparar aquela mesa farta.
Não importavam quantos vinham para o almoço, comida nunca faltava, porque amor nunca faltava. Ela podia ter acabado de preparar a comida para um batalhão e sentar para comer que se chegasse alguém ela corria, pegava um prato, talheres e já servia o convidado para não correr o risco de ele não provar de seu amor.
E assim ela usava seus dotes para transmitir amor. A família grande do vovô João Quirino sempre a admirou pela sua costura perfeita e ela fazia uma colcha de retalhos realmente muito linda, cortava todos os retalhos minuciosamente do mesmo tamanho e os juntava em forma de leque, fazendo uma colcha de leques de retalho, uma arte sem igual.
Hoje a vovó não está mais conosco, faleceu em 2006 aos 91 anos mas as marcas do seu amor permanecem intactas.
Todos os anos nos encontramos no último sábado do mês de julho, juntamos todos os filhos, netos e bisnetos do vovô, cerca de 200 pessoas. Esta festa já é uma grande tradição da família que começou a 25 anos.
Enquanto viva, a exímia costureira passava o ano todo fazendo uma colcha de retalhos que era rifada ou leiloada durante essa festa. O tio João, o irmão mais novo e animado, desfilava pela festa com a colcha nas costas mostrando a todos a bela arte feita por sua querida irmã. A colcha foi tradição tanto quanto a festa enquanto ela era viva.
E agora meados do mês de julho, estamos ansiosos a uma semana da festa mais esperada do ano. Hoje me encontrei com a tia Maria Helena, única filha mulher da minha avó e conversando sobre os detalhes da festa, lamentamos a falta da colcha, foi então que ela se propôs a se desfazer de uma de suas colchas deixadas pela vovó: doar para a festa, para que a memória dela possa ser revivida através da colcha e de suas tão prendadas mãozinhas.
Eu era muito apegada a minha avó até pelo lindo amor com a cozinha que temos em comum e eu sempre sofri muito a falta dela e reclamava principalmente o fato de ela não ter me deixado suas receitas. Mas hoje depois dessa linda atitude de minha tia em doar uma de suas valiosas lembranças, vejo que eu estava sendo egoísta, afinal de contas o amor não pode ser vivido individualmente. Eu sou a única neta que herdou a habilidade de cozinhar se eu tivesse um livro com as receitinhas dela, eu traria a tona as lembranças enquanto cozinhava, sozinha na cozinha e essa nunca foi a intenção. Ela me ensinou a preparar um único prato: o nosso tradicional lombo de Natal, reforçando o recado de usar o dom para replicar amor.
Certa vez ela ganhou um saco de milho e aos 87 anos para fúria geral da família, ela passou o dia fazendo pamonha. Todos ficaram bravos porque ela já estava fraquinha, não podia mais fazer esforço, e fazer pamonha dá muito trabalho. Como de costume, ela fez pamonha do gosto de cada filho e eu, como cheguei junto com meu pai para “dar bronca” porque ela tinha “aprontado e feito pamonha” pude ver todas as variedades que ela tinha feito, incluindo uma especial para o filho mais novo: pamonha assada. Ela só me deixou provar, falou que da próxima vez fazia pra mim mas aquela eu tinha de deixar para o meu tio. Provei e me apaixonei: sabor, textura, aroma, amor sem igual!
Assim hoje compartilho uma receita de bolo de milho que parece pamonha assada, mas obviamente bem mais simples, batida no liquidificador.
Falsa Pamonha Assada
Ingredientes:
2 xícaras de chá de milho verde fresco (ou 2 latas de milho sem a água)
2 xícaras de chá de açúcar
1 xícara de chá de leite
5 ovos inteiros
1 vidro pequeno de leite de côco
4 colheres de sopa de queijo ralado
4 colheres de sopa de farinha de trigo
4 colheres de sopa de manteiga
1 colher de sopa de fermento em pó

Modo de fazer:
Bater todos os ingredientes no liquidificador e dispor sobre uma assadeira retangular previamente untada com manteiga. Leve ao forno pré-aquecido a 180 graus por 40 minutos ou até que tenha consistência de um bolo assado (teste do palito).
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