quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ao gosto do freguês

Postado em 28/08/2013 às 0:01 por Adriana Avelar em Coluna Recente, Direto da Cozinha 

O boom da gastronomia entre os brasileiros fez surgir um novo tipo de público: o chef leigo. Com a grande oferta de escolas de cozinha para entusiastas, hoje um grande número médicos, advogados, engenheiros, analistas financeiros e diversos outros profissionais buscam a cozinha para se aperfeiçoar, aprender novas técnicas ou simplesmente relaxar.O professor/Chef introduz a aula se apresentando e pedindo aos alunos que se apresentem e que cada um conte o seu motivo de estar ali. E é assim que já começa a descontração e risadas, os mais desinibidos já fazem piadinhas com os colegas e deles mesmos.


Eu mesma comecei minha história na gastronomia com estes cursos para entusiastas. Bastava surgir uma promoção nos sites de ofertas que eu já logo estava matriculada, participava de todos os cursos que podia.A energia que rola entre os entusiastas e professores durante uma aula como essa é inexplicável. De um lado curiosos querendo absorver os “segredos” que o Chef tem a contar, de outro um Chef desinibido abrindo seu coração para disseminar seu conhecimento na arte da culinária. Só pela essência já é uma troca de palavras e olhares admirados.De tão apaixonada por essa troca de energia eu achei de fazer um curso desses em Nova York no Culinary Institute of America CIA. Eu queria desenvolver meus dotes com a faca, então escolhi um curso chamado “Knife Skills”.Achei que fosse sair de lá com dor no braço de tanto cortar legumes. Me enganei, daqueles alunos ali eu era a única que desejava realmente seguir carreira como chef, os demais todos eram entusiastas que queriam saber algo sobre técnicas de corte, uma pincelada, acharam que era uma boa maneira de começar, mas o que queriam mesmo eram produzir receitas gostosas. E o curso seguiu nessa linha, fizemos lombo assado, frango assado e cenouras carameladas.


Confesso que fiquei um pouco decepcionada com o curso, talvez pelo modelo americano de ser, o Chef professor não era descontraído, carismático e feliz como os brasileiros. Ele até foi “divertidinho” em alguns momentos, mas nada perto das aulas teatrais que tive oportunidade de assistir no Brasil.
E foi assim que eu entendi realmente esse novo negócio gastronômico: o cliente compra um “momento de diversão” enquanto o Chef vende uma aula rica porém sem a exigência e o rigor de uma aula tradicional, dessa vez o aluno dita o que quer aprender, ao final a aula sai ao modelo do freguês!
Na minha passagem por Sydney trabalhei aos finais de semana em uma escola de cozinha Sydney Seafood School, localizada dentro do Mercado de Peixes (Fish Market) tive a honra de vivenciar uma das mais lindas trocas dentro de uma cozinha. Um empresário australiano convidou sua equipe de trabalho para uma aula de cozinha, a comemoração do final do ano fiscal.


Gargalhadas eram ouvidas o tempo todo, brincadeiras soltas e terminou com um jantar que eles mesmos prepararam e um bom vinho para degustação oferecido pela escola. A atitude do empresário ao convidar sua equipe realmente me comoveu, ver ali na cozinha um grupo de pessoas se comportando como “crianças”, relaxadas, sendo elas mesmas, sem maldades, simplesmente puras. Cozinha é um trabalho de transparência,  uma super idéia para interação.


Para os Chefs uma oportunidade única de aprendizado pois como bem disse a querida Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Para os alunos/comensais, uma oportunidade de conhecer, aprender e se divertir com um momento gastronômico incrível.
Fiquei muito feliz ao conhecer escolas de entusiastas bem legais em São Paulo e Rio de Janeiro na minha volta ao Brasil. E que todos cozinhem mais e mais… esse é meu desejo para o mundo… felicidade em produzir arte em sabor através das mãos.


Hoje uma receitinha de uma batata maravilhosa feita no forno que eu aprendi em um curso rápido de cozinha básica que fiz em Higienópolis em 2011 com a Chef Beatriz Buéssio.


Batatas ao forno com alecrim
Rendimento: 2 porções

Ingredientes:
5 batatas lavadas cortadas em cubos médios
½ xícara de azeite
2 colheres de sopa de manteiga
½ colher de sopa de sal
pimenta do reino
algumas folhinhas de alecrim
Modo de preparo:
Cozinhar as batatas cortadas em cubos (ao cortar pode deixar a casca da batata, sem problemas) até o ponto em que as quinas dos cubos começam a desmanchar. Desligue e retire as batatas da água quente, adicione gelo para parar o cozimento. Escorra bem e misture as ervas, sal, azeite e manteiga. Leve para o forno médio por 1 hora e 30 minutos, virando sempre as batatas.
Retire quando estiverem douradas. Se estiver muito devagar, aumente o forno ao final para dourar.
Quando estiverem no ponto da foto, retire do forno, misture com mais alecrim desfolhado, prove e ajuste o sal, leve novamente ao forno por mais dez minutos.
Esta batata é um excelente acompanhamento, super versátil, vai bem com carne, peixe e frango, experimente!




- See more at: http://www.oestadorj.com.br/colunas-blog/gastronomia/ao-gosto-de-fregues/#sthash.L6vP29ZD.dpuf

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui: