domingo, 2 de junho de 2013

De Blogueira a Colunista - com Adriana Avelar


Estou muito muito feliz! Após dois anos escrevendo no meu blog que já chegou a quase 20 mil visitas chegou um grande convite: assumir a coluna Direto da Cozinha do jornal O Estado RJ!

Estou irradiante!!! Acho que fiz um bom trabalho por aqui, aprendi, me desenvolvi muito e hoje estou pronta para assumir uma coluna. Esse foi um trabalho completamente auto-didata, eu comecei sem experiência nenhuma, sem pretenção nenhuma registrando o diário da minha paixão pela comida e com as estatísticas de visitas eu fui aprendendo dia após dia qual era o gosto do meu público, o meu gosto por escrever e experimentar.

Recebi muitas críticas construtivas e destrutivas. Começando pelo nome pretencioso do blog “Chef Adriana Avelar”. No começo lá em janeiro de 2011 sofri muitas críticas do tipo: “mas você não é chef, pode se intitular assim?” Não sei se posso ou não, blog é livre, internet é livre, se eu não me intitular ninguém irá saber onde quero chegar e do que se trata o blog, esse era meu pensamento na época. 

Eu também me questionava sobre me chamar de “chef” pois já tinha lido várias críticas de chefs quanto a aprendizes que se intitulam chefs. Me questionava sobre meu futuro, estaria eu sendo precipitada e lançando na internet informações que poderiam ser condenadas posteriormente? Tinha medo do futuro mas como “malaca” que sou, resolvi dar as caras e desbravar...

Me colocando lá no passado janeiro de 2011 quando a flor desabrochou e a batalha começou eu queria só ser chef! Trabalhei duro, mostrei trabalho daqui e dali e em abril deste mesmo ano o desejo de ser chef se realizou, fui chef do Espaço Gourmet da Uai Tche por alguns meses, fiz o jantar para o Pelé, aprendi muito sozinha e com aqueles que me cercavam. Eu tive a grande sorte de ter como chefe um grande inspirador, Alexandre Santana. Eu não tinha nenhuma experiência, nunca tinha trabalhado como chef, tudo que eu tinha era uma grande vontade e um tempero bom. Ele era o dono do estabelecimento, acreditou em mim, me colocou desafios enormes e me incentivou muito! Dizia que a paixão estava estampada nos meus olhos, que era impressionante o quanto eu brilhava quando estava cozinhando e servindo.

Agradeço muito a ele e a todos que estiveram ao meu lado neste começo. As doces palavras do Alexandre me fizeram ver que eu realmente tinha um talento e por isso eu decidi que queria aprender com grandes chefs, aprender sozinha demoraria anos que eu não tinha, o tempo era curto, tinha que correr. Ser chef ali dentro da minha zona de conforto não era o que eu desejava, queria saber realmente como funcionava uma cozinha profissional, eu não queria ser uma “chef dona-de-casa” queria ser uma profissional, reconhecida por talento e muito estudo! Fui trabalhar no Hotel Presidente de Uberlândia, com o único chef reconhecido da cidade na época.

Também outra oportunidade em que eu aprendi muito! Muito mesmo! Aquela passagem foi essencial e foi nela que decidi que aprender com um chef era bom, ser “pupila” de alguém era algo muito especial mas que se eu queria ser grande, não deveria ser sombra, deveria ser luz! Então ao invés de aprender com alguém com muitos vícios e talvez conceitos errôneos, eu deveria ir a escola, lá sim eu teria os conceitos certos e poderia seguir mais adiante.

Eu ainda tinha o título de engenheira, fui astuta no momento, em outubro de 2011 voltei para São Paulo e fui ser engenheira, era o que me daria capital necessário para ir a uma grande escola. Neste momento eu já era apaixonada pela Julia Child e já queria mesmo fazer Le Cordon Bleu.

Fucei daqui e dali e descobri o instituto The Culinary Trust, que dava bolsa para o Le Cordon Bleu. Tudo que eu deveria fazer era escrever uma carta falando meus “Culinary Goals”. Bom... poderia ser fácil fazer sozinha mas eu mesma não sabia quais eram meus objetivos na culinária, não conseguia concentrar todos os meus anseios em uma folha de papel. 

Fui buscar ajuda, procurei um professor que tinha ajudado meu cunhado a fazer a carta para o MBA dele. Era caro, bem caro cada aula, mas eu ganhava bem e acho que todos os esforços valeram a pena. Conheci então John Amacker, um professor de inglês! Na minha primeira reunião com ele, ficou bem claro que ele nunca tinha feito isso na vida, mas estava disposto a tentar, obviamente cobraria pelos serviços mas como nunca tinha feito, ele não sabia se iria funcionar. Era a minha única alternativa! De novo resolvi tentar! Acabei encontrando ele como um professor de inglês “mascarado”, na verdade ele é descobridor de sonhos! O inglês é a ferramenta que ele usa, mas por trás de cada aula tem uma grande conversa sobre sonhos, anseios e o John com sua grande experiência com escrita, teatro, vida contribuiu para a construção do meu sonho. 

Foram noites e noites em claro elaborando pedaços de texto que eu levava para discutirmos e assim juntos conseguimos colocar todos os meus sonhos em uma folha de papel! Ao final daquele trabalho eu estava muito orgulhosa e confiante de que não tinha nenhum candidato mais forte do que eu para aquela competição por $10 mil dólares da bolsa do Basic Cuisine do Le Cordon Bleu Sydney. Eu estava certa: em maio de 2012 fui premiada com uma bolsa de estudos completa!

Mais uma vez o destino me mostrava o caminho que deveria seguir! Por mais que o dinheiro que eu ganhava como engenheira fosse bom, o meu coração e todos os fatos ao meu redor me levavam a ser chef.

Em janeiro de 2013 me mudei pra Sydney para finalmente cursar Le Cordon Bleu. Me maravilhei... encontrei meu lugar! Participar daquele curso por 9 semanas foi o melhor presente que eu poderia receber! E olha que quem me deu o presente nunca tinha me visto cozinhar, nunca tinha provado meu tempero... novamente meu olhar brilhante, sorriso e paixão conquistaram corações e territórios!

Ainda estou em Sydney trabalhando duro, me aprimorando diariamente e cada dia mais próxima da cozinha! Tive a grande sorte de encontrar por todo o meu caminho pessoas de luz que souberam olhar meu talento e me inspirar de forma única!

E enquanto tudo isso acontecia na vida lá fora, eu continuava aqui firme e forte no blog, algumas vezes não tão assídua, outras não tão positiva e confiante, mas ainda assim insisti, persisti e agora o blog virou coluna e eu virei colunista de jornal! Muito muito bom! Tenho certeza de que farei um grande trabalho nesse jornal e que dele muitas e muitas novas portas vão se abrir.

Lá atrás em janeiro de 2011 eu queria ser chef, acho que eu ainda não sou e talvez eu nunca venha a ser realmente uma chef tradicional, chef de um restaurante, mas tenho certeza de que sempre carregarei o título que move minha paixão! Chef Adriana Avelar é um nome e tanto e confio que o trabalho de um chef vá muito além de chefiar uma cozinha, pra mim o conceito de um grande chef está na frase da Cora Coralina “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Na minha visão um chef feliz é aquele que tem conhecimento, consegue transmiti-los mas nunca deixa de aprender... somos artistas, tempero bom não é uma aptidão desenvolvível, ou se tem ou não se tem, paixão segue o mesmo princípio! Tenho então bom tempero e paixão por aquilo que cozinho, quem tem o direito de dizer que não serei chef? Ou que não sou? Me desculpem aqueles que não conseguem enxergar, mas sou uma guerreira, estou lutando bravamente por este título e as minhas conquistas são somente resultado de todo esse trabalho que me orgulho muito!

A partir de agora irei mesclar bastante a coluna com o blog, pretendo publicar aqui todas as postagens do jornal e mais um pouco... porque tem coisas que só posso contar ao meu diário!

Obrigada a todos por me seguirem e acompanharem nessa luta! Espero que todas as inspirações que eu tive sirvam de exemplo para meus seguidores e amigos que me acompanham aqui no blog.

E a batalha só começou, tem muita conquista por vir: força, paixão e confiança!

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