segunda-feira, 6 de maio de 2013

Somos artistas ou juízes?


Como amante apaixonada da gastronomia sou curiosa, fuço em tudo mexo e remexo, cuido de entendê-la por completo.

Tenho assim visto alguns textos girando sobre a dura realidade da vida na cozinha. Como alerta aos iniciantes como eu, estes textos me inspiram e me guiam, os leio pensando na minha realidade e como usá-los para minha evolução,  acho ótimo. Porém como observadora gostaria de comentar um ponto de alerta: existe uma linha muito tênue entre compartilhar a vida dura e criticar quem não a tem. Não acho que há alguém capaz de julgar o outro como sendo ou deixando de ser chef. Li a pouco tempo um artigo de um chef que eu admiro deixando uma mensagem negativa sobre chefs que não trabalham na cozinha e saem em revistas (pratos). Apesar de respeitar muito esse chef acho que talvez nesse caso ele tenha pecado nas palavras. Estava no ônibus para o trabalho aqui em Sydney, indo para a vida dura a que ele estava se referindo e me indingei: Ei pára tudo, por que foi que isso começou? Somos artistas ou juizes?

A cozinha é nosso ateliê! Ali criamos, estudamos e produzimos nossas obras de arte. O julgador do seu trabalho é o seu cliente, se o seu ambiente for um restaurante o juiz é um comensal, se for uma revista, é o leitor, se um programa de tv, é o telespectador, e assim por diante. Alguns chefs se sentem no direito de julgar uns aos outros: "esse é bom" "esse só tira fotinho de prato o dia todo" "esse isso, aquele aquilo". Então eu fico aqui pensando na história da Roberta Sudbrack. Essa chef é só coração! Ela é uma das pessoas mais puras, suaves e verdadeiras que eu ja conheci na vida! Ela foi auto-didata, aprendeu tudo sozinha, se cortou, se queimou na sua própria escolar: sua casa.

E quando ela teve a grande sorte de cozinhar para o presidente da República, eles a convidaram para assumir a cozinha do Palácio da Alvorada. A sorte dela é que o presidente não era chef hahhah! Se fosse ele iria se sentir no direito de julgar e dizer: mas você nunca tocou uma cozinha sozinha, não vai dar conta! Assim ela foi e fez! Fez lindamente, produziu uma horta e 15 minutos antes dele almoçar ela mandava colher a alface. Quem faria melhor? Um chef de um restaurant com Michelin Star?

NÃO TEM ESSA! Qualquer um que queira fazer o trabalho tem 50% do domínio sobre ele!
A Roberta foi, aprendeu, ensinou, errou, construiu e sete anos depois abriu seu restaurante novamente errou e acertou várias vezes até que hoje está entre os 50 melhores do mundo!
Essa lista para ela é um dos reconhecimentos do trabalho duro que vem construindo por todos estes anos e vai continuar fazendo!

Colegas chefs, que nos olhemos como realmente somos: grandes artistas! Cada um em seu ateliê, produzindo pratos encantadores e transmitindo amor através das nossas mãos! Não nos importemos se o prato do outro não estava tecnicamente correto e virou foto de capa de revista... Se esse era o objetivo e sonho deste chef, respeitemos. Se ele vai continuar famoso? Não importa, esperamos que a gastronomia “suja” seja limpa, mas não é uma crítica pública sem dizer nomes que vai mudar. Aceitemos, ela existe, como em todos os mercados! 


O importante é seguir com seus sonhos, cada um com o seu conseguiremos fazer um sonho maior: ver o Brasil como potência gastronômica!

Apesar de a leitura do texto do chef respeitado que comentei ter me incentivado a escrever este artigo, ressalto que não pretendo criticar ninguém, só prezo pela maior e grande união dos chefs brasileiros em busca do nosso grande sonho que não podemos abandonar jamais!!!

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