Como amante
apaixonada da gastronomia sou curiosa, fuço em tudo mexo e remexo, cuido de
entendê-la por completo.
Tenho assim
visto alguns textos girando sobre a dura realidade da vida na cozinha. Como
alerta aos iniciantes como eu, estes textos me inspiram e me guiam, os leio
pensando na minha realidade e como usá-los para minha evolução, acho
ótimo. Porém como observadora gostaria de comentar um ponto de alerta: existe
uma linha muito tênue entre compartilhar a vida dura e criticar quem não a tem.
Não acho que há alguém capaz de julgar o outro como sendo ou deixando de ser
chef. Li a pouco tempo um artigo de um chef que eu admiro deixando uma mensagem
negativa sobre chefs que não trabalham na cozinha e saem em revistas (pratos). Apesar
de respeitar muito esse chef acho que talvez nesse caso ele tenha pecado nas
palavras. Estava no ônibus para o trabalho aqui em Sydney, indo para a vida
dura a que ele estava se referindo e me indingei: Ei pára tudo, por que foi que
isso começou? Somos artistas ou juizes?
A cozinha é
nosso ateliê! Ali criamos, estudamos e produzimos nossas obras de arte. O julgador
do seu trabalho é o seu cliente, se o seu ambiente for um restaurante o juiz é
um comensal, se for uma revista, é o leitor, se um programa de tv, é o
telespectador, e assim por diante. Alguns chefs se sentem no direito de julgar
uns aos outros: "esse é bom" "esse só tira fotinho de prato o
dia todo" "esse isso, aquele aquilo". Então eu fico aqui
pensando na história da Roberta Sudbrack. Essa chef é só coração! Ela é uma das
pessoas mais puras, suaves e verdadeiras que eu ja conheci na vida! Ela foi
auto-didata, aprendeu tudo sozinha, se cortou, se queimou na sua própria
escolar: sua casa.
E quando
ela teve a grande sorte de cozinhar para o presidente da República, eles a
convidaram para assumir a cozinha do Palácio da Alvorada. A sorte dela é que o
presidente não era chef hahhah! Se fosse ele iria se sentir no direito de
julgar e dizer: mas você nunca tocou uma cozinha sozinha, não vai dar conta! Assim
ela foi e fez! Fez lindamente, produziu uma horta e 15 minutos antes dele
almoçar ela mandava colher a alface. Quem faria melhor? Um chef de um
restaurant com Michelin Star?
NÃO TEM
ESSA! Qualquer um que queira fazer o trabalho tem 50% do domínio sobre ele!
A Roberta
foi, aprendeu, ensinou, errou, construiu e sete anos depois abriu seu
restaurante novamente errou e acertou várias vezes até que hoje está entre os
50 melhores do mundo!
Essa lista
para ela é um dos reconhecimentos do trabalho duro que vem construindo por
todos estes anos e vai continuar fazendo!
Colegas
chefs, que nos olhemos como realmente somos: grandes artistas! Cada um em seu
ateliê, produzindo pratos encantadores e transmitindo amor através das nossas
mãos! Não nos importemos se o prato do outro não estava tecnicamente correto e
virou foto de capa de revista... Se esse era o objetivo e sonho deste chef,
respeitemos. Se ele vai continuar famoso? Não importa, esperamos que a
gastronomia “suja” seja limpa, mas não é uma crítica pública sem dizer nomes
que vai mudar. Aceitemos, ela existe, como em todos os mercados!
O importante é seguir com seus sonhos, cada um com o seu conseguiremos fazer um sonho maior: ver o Brasil como potência gastronômica!
Apesar de a leitura do texto do chef respeitado
que comentei ter me incentivado a escrever este artigo, ressalto que não
pretendo criticar ninguém, só prezo pela maior e grande união dos chefs
brasileiros em busca do nosso grande sonho que não podemos abandonar jamais!!!
O importante é seguir com seus sonhos, cada um com o seu conseguiremos fazer um sonho maior: ver o Brasil como potência gastronômica!
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