Desde que tive minha primeira experiência na cozinha eu
tento entender porque alguns chefs simplesmente largam a profissão e levam o
dia a dia sem transmitir amor através de suas mãos ao preparar um prato.
Estou no meu segundo ano de profissão, agora cursando Le
Cordon Bleu em Sydney e já conheci e conversei com chefs brasileiros e do mundo
todo.
Eu ganhei uma bolsa de estudos para esta escola francesa que
estudo hoje. Uma Ong nos Estados Unidos abre um programa de bolsa uma vez por
ano para dar bolsa de estudos para food lovers do mundo todo. Em janeiro de
2012 eu lhes enviei uma carta com meus Culinary Goals. Em abril eles me
contataram para agendar uma entrevista no Skype, durante a entrevista eu pude
olhar nos olhos da entrevistadora que estava nos Estados Unidos que se
emocionou ao vivo com uma de minhas respostas.
Ao final do curso eu lhes enviei uma carta agradecendo
imensamente pela oportunidade de vida que eles tinham me oferecido. Eles
preencheram meu coração de inspiração e me mandaram para onde eu nunca devia
ter saído: cozinha!
Eu amo! Não consigo ficar longe... 7 dias por semana...
trabalho 5 e folgo 2 mas todos os dias eu cozinho em casa e/ou no trabalho.
Chegar no trabalho, checar os freezers, cortar os ingredientes e esperar para o
grande momento em que um cliente entra no salão e escolhe um prato do menu e eu
começo a prepara-lo. Esperar até que o último cliente esteja satisfeito e
começar a limpar a cozinha, tirar restos de cada esquina, verificar as datas de
todas as comidas, fazer a lista de preparação para o dia seguinte, checar as
temperaturas dos refrigeradores e dai sim ir pra casa.
Chegando em casa: cozinhar! Sempre um sanduiche especial ou
uma sobremesa feita a partir de “nada” em casa só pra matar as lombrigas!!!
E assim me realizo....
Mas não é sempre fácil, sempre mil maravilhas! Saí de uma
carreira brilhante em engenharia para ser chef. Foi uma decisão difícil,
ousada, analisada e consciente! Eu sabia exatamente onde estava entrando, me
sentia preparada.
Quando estive na cozinha no Brasil eu fui pisoteada no
trabalho, jogavam óleo no chão para eu escorregar, salgavam meu risoto... por
fim o Chef me trancou no estoque e tentou me agarrar! No dia seguinte ele me
demitiu...
Me decepcionei... chorei... mas nesse momento também surgiu
uma inspiração que me fez voltar ao mercado de engenharia, fiz a grana que
precisava e vim para Austrália. Neste meio tempo antes de vir eu conheci chefs
brasileiros estrelados e não estrelados, fucei em tudo quanto foi pecinha da
gastronomia brasileira, pesquisei sobre hotéis, restaurantes, bares,
supermercados, food trucks, legislações. Criei em minha cabeça 15 projetos
maravilhosos que pretendo fazer um a um com muito amor.
Agora estou em Sydney, trabalhando na cozinha, tenho 2
empregos, 2 blogs e ainda fico pesquisando sobre tudo que posso relacionado a
cozinha no Brasil e no mundo.
Quando vejo chefs cansados na cozinha, reclamando da longa
jornada eu fico preocupada, será que o meu gás também vai acabar? Será que um
dia vou fazer a comida automaticamente e reclamar do shift de 10 horas?
Espero que não... Hoje meu raciocínio é de que as pessoas se
mantem motivadas quando há esperança, vinda de uma inspiração.
Passei por momentos difíceis em que muitas vezes eu me vi
caindo, me sentindo incapaz de seguir adiante. Mas então vem mais uma noite de
sono, um post no blog e o coração volta a se encher de esperança de que os meus
15 sonhos irão se realizar!
Sei que sou bastante ambiciosa, tenho uma “mind set” para
business e que esta lista ainda vai chegar a 50 projetos e que levarei o tempo de uma
vida para realizá-los mas com amor e trabalho duro chegaremos lá!
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