Dizem por aí que só mineiro que gosta de queijo, mas todo
brasileiro tem uma quedinha por queijo e isso pode ser fruto da cultura mineira
espalhando seu amor pelo queijo, contagiando todo um país.
Um documentário político e poético lançado em setembro de
2011 relata especialmente esse amor: O MINEIRO E O QUEIJO mostra a tradição de
quase 300 anos do verdadeiro queijo minas e a contradição que o ameaça:
considerado patrimônio nacional, sua produção é proibida fora do estado de
Minas Gerais.
O filme foi feito nas belas paisagens do Serro, da serra da
Canastra e do Alto Paranaíba, onde o queijo minas continua sendo produzido como
há séculos atrás. Feito a partir do leite cru, como os melhores queijos da
Europa, o queijo minas artesanal é um patrimônio nacional. O MINEIRO E O QUEIJO
coloca na tela as opiniões de produtores, pesquisadores e técnicos sobre o
impasse em que se encontra o verdadeiro queijo minas e sua comercialização, que
é proibida em outros estados.
Se o Brasil todo já ama e come queijo mineiro sendo ele
proibido, imagina quando liberado? O Brasil terá o formato de um queijo
mineiro!
"Eu acho
que ninguém nunca passou mal de comer queijo. Acho que isso não faz mal a
ninguém, não." (José Mario, produtor de queijo)
"O tanto
de queijo que o povo come, se isso fizesse mal, nós teríamos uma epidemia de
queijo!" (Luciano, produtor de queijo)
Mesmo permitindo brincadeiras, a questão abordada no
documentário é séria e polêmica. Discussões entre chefs de cozinha e Anvisa
solicitando a liberação de venda de queijo mineiro em outros estados do Brasil
são frequentes.
E não para por aí: são 30 mil produtores, a grande maioria
composta por pequenos que não se adequaram às regras da Anvisa. A abertura do produto aos outros estados
poderia atender a apenas 190 daqueles que
agora seguem os padrões de qualidade exigidos pelo Órgão Regulador.
A qualidade do queijo parece ter diferentes significados
para os distintos atores envolvidos na produção e regulação. Mais do que
adequar legislações ou adequar produtos às legislações, é preciso
construir legislações. Regras possíveis de serem cumpridas e constituídas
considerando diferenças regionais e culturais envolvidas no processo.
Minha família é mineira, de uma região bem próxima à Serra
da Canastra e eu concordo que o sabor particular do queijo não pode ser
reproduzido em outras regiões.
Em setembro de 2012 eu fui a Nova York visitar a minha irmã
que lá estava morando. E como boa mineira, já saí de Minas em Julho com um
queijinho escondido na mala para curar por mais 90 dias em minha casa em São Paulo e levar na viagem! E
ele chegou lá em NY em perfeita condição de consumo. Confesso que tinha um
fungo na parte externa, mas nada que uma descascada no queijo não resolvesse.
Coloquei então o queijo inteiro no forno e lá o deixei por uma hora! A casca
grossa do queijo impediu que sua parte derretida saísse a superfície. Quando
tirei-o do forno, fiz uma tampa e abri: o queijo estava todo derretido e
maravilhoso! Comemos com geléia de pimenta e torradinhas! Servimos a um casal
de eslovacos que estavam de visita na casa da minha irmã, eles adoraram!!!
Sabor único!!!
O tão desejado queijo mineiro servido em NYC!!! |
Alguns depoimentos de produtores de queijo:
"Meu pai
foi fazendeiro em Curvelo e aqui. Levou vacas do Serro, levou queijeiro do
Serro e não conseguiu fazer o queijo lá. (...) é uma bactéria, alguma coisa que
tem aqui, que dá esse sabor." (Raulzinho, produtor de queijo)
"Você pode
fazer o queijo aqui, embaixo da árvore ele fica bom. Se você fizer bem
caprichadinho, ele fica bom. (...) não sei se é o clima, uma bactéria que fica
aqui." (Luciano, produtor de
queijo)
"Aqui em
casa todos os quatro fazem queijo (...), mas nenhum queijo é igual ao outro." (Helena, produtora de queijo)
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