Quando eu tinha uns 7 pra 8 anos, aquela fase em que não se é mais tão criança, já entende as coisas, mas não é adolescente ainda, todos os meus coleguinhas tinham dons. Alguns jogavam esporte super bem, outros tocavam violão como ninguém, outros eram bons atores, outros bons em Matemática, e outros eram bons em tudo! Então achava que se todo mundo tinha um dom, não era possível que eu teria nascido sem um, comecei a procurar o meu... na busca dos esportes gostei mais do basquete, eu tentava mas não era tão alta, não corria muito, não driblava, não era sortuda, enfim, não era esse o dom!
Parti para os instrumentos, fui tocar piano. Eu era boa, mas não excepcional, errei de novo!
Eu sofria nessa procura do dom, dizia para os meus pais “não é possível, eu tenho de ter um dom”!
Tentei o teatro também... era legal mas não uma mega super atora! Daí sei lá, veio a adolescência, eu desisti de procurar meu dom.
Talvez porque tivesse me dado conta de tê-lo encontrado.
Fui fazer faculdade, escolhi Engenharia de Alimentos por motivos plausíveis na época e fui, vivi 5 anos maravilhosos! Nessa época eu fui membro do DCE da faculdade, do centro acadêmico, fui hippie e conheci muitas e muitas pessoas incríveis... nesse tempo eu cozinhei bastante para os amigos em casa!
Quando terminei a faculdade, fui logo pra uma empresa de consultoria estratégica, fazia negociações entre grandes empresas. Daí eu fiquei 4 anos... tentei, eu gostava no começo daí cansei, quis algo novo.
Eu ouvia de todos os lados que eu tinha de trabalhar com cozinha... comecei a procurar em alguns restauras em SP, mas vi que com o que se paga para trabalhar em cozinha não dá pra sobreviver lá.. então decidi me mudar para Uberlândia e conhecer esse meio.
Comecei sendo gerente do salão de um restaurante super freqüentado da cidade. Saí porque não era o salão, eu queria a cozinha!
Nessa hora me lembrei da tal história do dom... todos à minha volta viam que era cozinhar mesmo o meu dom!
Comecei a trabalhar sozinha, dar cursos em casa, fazer jantarzinhos na casa dos clientes... Peguei um peixe grande um dia, fui contratada pra trabalhar numa cozinha gourmet e eu fui... foi uma super experiência, aprendi muito!
Mas também entendi que cozinhar é sim criar, todos podem cozinhar, desde que tenham criatividade. E que existe toda uma base que é estudada há muitos anos que é o ponto de partida para as criações.
Livros são escritos na Gastronomia desde 1825 tem noção? Mais de 180 anos estudando como preparar os pratos, criando bases e molhos.
Daí nesse momento eu tenho duas escolhas: trabalhar sozinha, cozinhar do meu jeito e ser tipo uma “Palmirinha” em Uberlândia ou aprender o que todos os outros grandes Chefs cozinham, tecnicamente.
Eu escolhi a segunda opção, quero aprender a alta gastronomia, tudo que os Chefs estudaram. Quero trabalhar na Espanha, num “puta” restaurante! Aprender um monte!
Então as publicações colocadas nesse blog a partir de agora são todas as técnicas tradicionais de cozinha reproduzidas pelo Chef Marco Soares no restaurante Oliva em Uberlândia. Ele é o professor que eu escolhi para aprender a alta gastronomia.
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