sábado, 15 de junho de 2013

Coluna Direto da Cozinha: Nova Colunista


Primeiramente quero me apresentar, sou Adriana Avelar e começo hoje uma nova empreitada por aqui… A Marcela Ferrinha fez um trabalho espetacular durante os 4 anos que escreveu esta coluna, cativou seu público,e agora eu terei um trabalho grande pela frente de escrever a sua altura!
Quero então contar como tudo começou, por que é que eu sou essa figurinha pseudo-comida de tão apaixonada que sou por tudo que gira em torno de comida, cozinhar e comer!
Costumo dizer que sou uma paulistana de berço e mineira de coração! Cresci e me eduquei em São Paulo e passei férias da infância em Minas ao redor dos tachos de doce de minha avó! E assim começou a paixão: desde pequena eu tinha mania de ficar na cozinha, sempre foi o lugar da casa que mais me agradou, eu ficava horas observando os movimentos de minha querida avó Ana Maria, minha grande inspiração.
Ela me ensinou que a comida não serve só para alimentar o estômago vazio, mas também o coração. Quando preparamos um prato estamos transmitindo amor através da combinação de ingredientes e temperos.
“Assar um pãozinho de queijo” é a coisa mais fácil que tem em casas mineiras, então eu quiz descobrir como é que surgiu essa linda bolinha de queijo que tanto encanta simbolizando um carinho mineiro.
Sites e livros sobre o assunto abordam que quando os portugueses chegaram em 1500 trouxeram uma frota de 44 navios com costumes europeus, receitas e ingredientes. A bordo dos navios haviam alimentos suficientes para alimentar todos os tripulantes, entre os ingredientes estavam animais vivos, pois não havia refrigeração para armazenar e transportar carnes por longos períodos, assim o ideal era que fossem mortos a bordo.
Entre os animais estavam vacas, essenciais para o desenvolvimento da gastronomia brasileira pois elas produziram o leite e dele fizemos o queijo em Minas Gerais.
Os índios que aqui viviam neste tempo consumiam muitos vegetais e a mandioca era a base da sua alimentação. E acredito que por esta razão este é um dos mais incríveis e bem aproveitados ingredientes da gastronomia brasileira, acredito que nenhum outro país do mundo consiga aproveitar tão bem a mandioca como nós.
Comemos ela cozida e frita, em guisados, em sopas, inúmeros pratos… e daí então vem seus derivados: farinha de mandioca, polvilho, tucupi. Então justamente sobre estes 3 derivados eu queria falar, quer melhor produto do que um sem desperdício algum ao fazer subprodutos? Assim é a mandioca.
Os pedaços de mandioca ralados e secos formam a farinha. O liquido que cai do processo de ralar o tubérculo é muito rico, deixando-o decantar, um pó esbranquiçado se deposita no fundo do recipiente e um líquido amarelo no topo. O pó seco ao sol é o nosso famoso polvilho e o líquido, o charmoso Tucupi.
Assim o queijo sub-derivado da vaca com o polvilho da mandioca se encontraram na vontade dos portugueses de comerem pão. Por aqui não tinha trigo, testaram o polvilho seguindo os mesmos princípios de uma massa de pão (ovos e gordura) obtiveram a deliciosa receita do pão de queijo.
E assim em Minas, onde o famoso queijo meia-cura e o polvilho fresco conferem sabor especial ao pão de queijo, ao chegar na casa de mineiros nos horários próximos ao café da manhã ou lanche da tarde tem grandes chances de encontrar pão de queijo quentinho.
Pão de queijo bom é quentinho, frio não tem o mesmo gostinho… Abrir o pão de queijo, colocar manteiga e morder enquanto ele está derretendo é uma sensação única! E ter pão de queijo quentinho é muito fácil, a receita abaixo rende 50 unidades pequenas e demora 20 minutos no máximo para ser feita, não faz sujeira e as bolinhas podem ser congeladas e assadas quando desejar! Ele continua perfeito, ótimo produto para congelamento.

Pão de queijo (Receita de minha mãe)
Ingredientes:
3 copos de polvilho (azedo ou doce*) – ½ azedo ½ doce (350g)
2 copos de queijo minas ralado (250g)
1 copo de leite (200mL)
½ copo de óleo (100mL)
1 pitada de sal
2 a 3 ovos
Polvilho: O azedo deixa a casquinha mais crocante, é bastante usado para fazer biscoitos de queijo, o doce deixa ele molenguinho. Gosto dele molenguinho dentro e com casquinha crocante como minha mãe faz, então uso metade-metade, escolha a proporção que for melhor para você.
Modo de preparo:
Prepare um bowl (ou bacia como diriam os mineiros) com o polvilho. Em uma panela, ferva o leite com óleo e sal,  quando levantar fervura, adicione o líquido ao bowl e mexa delicadamente, isso se chama “escaldar” o polvilho, seria como hidratar o polvilho com leite e óleo.
O princípio de toda massa é formar uma mistura consistente com gordura e um dos secos no caso óleo, leite e polvilho.
Adicione então o queijo ralado, quando estiver incorporado na massa, adicione os ovos, um a um até obter uma massa toda junta, que dê para fazer bolinhas. Provavelmente terá massa grudada entre seus dedos e parecerá que dali não sai pãozinho. Mas sai… Tire o excesso com ajuda de uma colher. Lave as mãos e comece a fazer bolinhas.
Com as mãos e faça bolinhas para pãezinhos e bolões para pãezões! Faça do tamanho que gosta de comer pão de queijo! Só um ponto bem importante no tamanho é o tempo de forno, se você fizer um grandão, vai demorar pra assar e corre o risco de ficar bem moreno fora e ainda cru por dentro! Eu particularmente prefiro deixar os grandões pra comer na rua, que devem usar outra receita que não essa, prefiro fazer pãezinhos pequenos que são mais charmosos e assam rapidinho.
Coloque em forma (que não precisa ser untada com óleo) e leve a forno pré-aquecido a 200graus. Não coloque em forno frio, não irá funcionar! Daí depende do tamanho que você fez as bolinhas, e do seu forno, pode demorar 20 a 35 minutos. Ele geralmente cresce um pouco e fica douradinho por fora. Sempre roubo um pãozinho da forma e experimento pra ver se está bom. Como você preparou a massa crua, sabe a consistência que ela tem, portanto o pão de queijo estará pronto quando a massa dentro dele mudar de consistência.
Para congelar é muito fácil, faça as bolinhas e coloque na assadeira, leve ao freezer para pegar o formato por cerca de 2 horas, então retire da assadeira e coloque-os em sacos plásticos para facilitar o armazenamento no freezer e evitar ressecamento. Como eles estão já firmes, não grudam uns nos outros.
Lembre-se de colocar data no saquinho, alimentos congelados não se tornam imperecíveis, eles continuam tendo tempo de validade. No caso do pão de queijo 90 dias, coloque a data que fez a massa para não se perder!
Para assar o produto congelado, mesmo princípio: forno bem quente! Não precisa descongelar, coloque a bolinha congelada em uma assadeira e forno! Vai demorar mais um pouquinho pra assar por causa do tempo de descongelamento mas o sabor, aroma e textura se mantém intactos!
E assim pretendo que sejam as receitas da coluna Direto da Cozinha: fáceis, rápidas, receitinhas paulistas, mineiras, de vó, de mãe, comida que abraça! Bem-vindos à minha cozinha!

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